segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Post Scriptum


Quando nosso navio parte de Honolulu, penduram-nos ao pescoço "leis", que são grinaldas de flores, levemente odoríficas. O cais regurgita de povo e a banda toca uma derretida melodia havaiana. Os passageiros atiram serpentinas aos que ficam e a amurada do navio engalana-se toda com finas fitas de papel de cor alegre. Depois, quando navio começa a se afastar do porto, as serpentinas rompem-se com um leve estalido.

É como a ruptura dos laços humanos.

Homens e mulheres são momentaneamente unidos por uma fita de papel de cor alegre. Depois, a vida os separa e as serpentinas rompem-se com um leve estalido. Por algumas horas, seus fragmentos tremulam ao longo do casco, até que o vento os leva. As flores de nossa grinalda murcham e seu aroma se torna opressivo. Então, jogamo-las ao mar.
  
(W. S. Maugham - Post scriptum de "Histórias dos Mares do Sul")
 

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