segunda-feira, 8 de setembro de 2008

D. Helder seria Cardeal?

O saudoso arcebispo de Recife e Olinda, D. Helder Câmara (o principal responsável pela criação da CNBB), era amigo pessoal, há muito anos, de Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini, que veio a ser tornar o Papa Paulo VI. Quando ia ao Vaticano, não raro D. Helder se hospedava na casa de Montini. E quando Motini tornou-se papa, era voz corrente no episcopado brasileiro que D. Helder seria elevado ao cardinalato.

Aconteceu, então, que poucos meses após a eleição do sucessor de João XXIII, D. Helder foi chamado ao Vaticano, oficialmente para ajudar o Papa a definir a política da Igreja para a América Latina, no novo pontificado. Claro está que, no Brasil, ninguém tinha dúvidas de que D. Helder voltaria Cardeal.

Se era essa a intenção de Paulo VI, ninguém jamais soube.
Sabe-se apenas que, durante uma reunião de D. Helder com o Papa e seus assessores diretos, o "bispo vermelho" (como o chamavam os militares da ditadura brasileira) fez uma proposta "escandalosa".

Ele, simplesmente, propôs ao Papa que a Igreja se desfizesse de sua imensa riqueza material, doando-a a instituições empenhadas em minorar a miséria de milhões de seres humanos em todo o mundo, e se tornasse uma igreja "realmente cristã", vivenciando o "amor aos humildes", "como Jesus o fizera". Ou seja, a cartilha da "Igreja Progressista".

Fez-se um silêncio constrangedor no local da reunião.
Até que Paulo VI, respondendo, teria dito:
- "Ah, se dependesse só de mim, bem que eu o faria!"

D. Helder voltou Arcebispo para o Brasil.
E durante todo o pontificado de Paulo VI, nunca mais foi convocado ao Vaticano, salvo para participar de eventos protocolares.

(Alvaro Rodrigues/2005)

Nenhum comentário: