Aconteceu, então, que poucos meses após a eleição do sucessor de João XXIII, D. Helder foi chamado ao Vaticano, oficialmente para ajudar o Papa a definir a política da Igreja para a América Latina, no novo pontificado. Claro está que, no Brasil, ninguém tinha dúvidas de que D. Helder voltaria Cardeal.
Se era essa a intenção de Paulo VI, ninguém jamais soube.
Sabe-se apenas que, durante uma reunião de D. Helder com o Papa e seus assessores diretos, o "bispo vermelho" (como o chamavam os militares da ditadura brasileira) fez uma proposta "escandalosa".
Ele, simplesmente, propôs ao Papa que a Igreja se desfizesse de sua imensa riqueza material, doando-a a instituições empenhadas em minorar a miséria de milhões de seres humanos em todo o mundo, e se tornasse uma igreja "realmente cristã", vivenciando o "amor aos humildes", "como Jesus o fizera". Ou seja, a cartilha da "Igreja Progressista".
Fez-se um silêncio constrangedor no local da reunião.
Até que Paulo VI, respondendo, teria dito:
- "Ah, se dependesse só de mim, bem que eu o faria!"
D. Helder voltou Arcebispo para o Brasil.
E durante todo o pontificado de Paulo VI, nunca mais foi convocado ao Vaticano, salvo para participar de eventos protocolares.
(Alvaro Rodrigues/2005)
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