domingo, 26 de outubro de 2008

Bênção celta


 

Voa Liberdade



(Desligue a música de fundo do blog, antes de acionar o vídeo)
 
VOA LIBERDADE
Composição: Mário Maranhão - Eunice Barbosa - Mário Marcos
Intérprete:   Jessé

Bezerra de Menezes - O médico dos pobres

  
Adolfo Bezerra de Menezes nasceu na antiga Freguesia do Riacho do Sangue (hoje Jaguaretama), no Estado do Ceará, no dia 29 de agosto de 1831.
No ano de 1838 entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde, desde cedo revelou sua fulgurante inteligência. Com apenas 11 anos de idade já iniciava o curso de Humanidades e, aos 13 anos, conhecia tão bem o latim que ele próprio o ministrava aos seus companheiros, substituindo o professor da classe em seus impedimentos. Concluídos os estudos em sua terra natal, partiu para o  Rio de Janeiro, a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava - a Medicina. 
   
Em novembro de 1852,  ingressou, como praticante interno, no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou-se em 1856, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1858, concorreu a uma vaga de lente substituto da Seção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Nesse mesmo ano, o mestre Manuel Feliciano Pereira de Carvalho, então Cirurgião-Mor do Exército, chamou-o para ser seu assistente, com o posto de Cirurgião-Tenente. 
  
Eleito vereador municipal pelo Partido Liberal, em 1861, teve sua eleição impugnada pelo chefe conservador Haddock Lobo, sob a alegação de ser médico militar. Com o objetivo de servir o seu partido, que necessitava dele para ter maioria na Câmara, resolveu afastar-se do Exército. Em 1867, foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado numa lista tríplice para o Senado. 
Mas sua carreira política foi efêmera. Alvo de rudes campanhas de injúria, por parte de seus adversários, deliberou afastar-se da vida pública e dedicar-se a empreendimentos empresariais. Criou a Companhia Estrada de Ferro Macae-Campos, na então província do Rio de Janeiro. Posteriormente, empenhou-se na construção da via férrea de Santo Antônio de Pádua, pretendendo levá-la até o Rio Doce, desejo que não conseguiu realizar. Foi um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872 abriu o Boulevard 28 de Setembro , no então bairro de Vila Isabel. Em 1875, foi presidente da Companhia Carril de São Cristóvão. 
  
Voltando a política, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato até 1880. Foi ainda presidente da Câmara e Deputado Geral pela Província do Rio de Janeiro, no ano de 1880.aos pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía. Conciliava essas atividades com um intenso trabalho assistencial em favor dos pobres, a quem procurava levar o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da sua profissão de médico e o auxílio da sua bolsa generosa. 
Quando o Dr. Carlos Travassos empreendeu a tradução de "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, ofereceu um exemplar, com dedicatória, a Bezerra de Menezes. No dia 16 de agosto de 1886, um auditório com cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade, que enchia o salão de honra da Velha Guarda, ouviu, em silêncio, a palavra vibrante do eminente político e médico, proclamando sua plena adesão ao Espiritismo. E desde então, passou a escrever artigos em defesa do aspecto religioso da doutrina kardecista.
Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico, quer pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União Espirita do Brasil incumbiu Bezerra de Menezes de escrever, aos domingos,  em "O Paiz" , tradicional órgão da imprensa brasileira, dirigido por Quintino Bocaiúva, uma série de artigos sob o título "O Espiritismo - Estudos Filosóficos",  assinado sob o pseudônimo de Max. Esses artigos marcaram a época de ouro da propaganda espírita no Brasil, sendo publicados, ininterruptamente, de 1886 a 1893. 
Bezerra de Menezes tinha o encargo de médico como verdadeiro sacerdócio. Por isso, dizia que "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate a porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem chora a porta que procure outro, esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse é um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita"
Em 1893,  a convulsão provocada no país, pela "Revolta da Armada", provocou o fechamento de todas as sociedades espíritas. No Natal do mesmo ano, Bezerra encerrava a série de artigos que vinha publicando em "O Paiz" .
Em 1894, o ambiente demonstrou tendências de melhora e o nome de Bezerra foi lembrado como o único capaz de unificar a família espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da FEB, cargo que ocupou até 11 de abril de 1900, quando faleceu, vítima de violento ataque de congestão cerebral.
   
Devido ao seu espírito caridoso e prestativo, Bezerra de Menezes até hoje é lembrado como O Médico dos Pobres . 

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Na fonte clara


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A la clair fountaine
Música infantil francesa, absolutamente sublime.
As imagens são cenas finais do filme "O Despertar de uma Paixão" (The painted Vei), co-produção EUA/China, de 2006, baseada na novela de William Somerset Maugham.

A la claire fontaine 
M’en allant promener
J’ai trouvé l’eau si belle 
Que je m’y suis baignée 

Il y’a longtemps que je t’aime  
Jamais je ne t’oublierai

Sous les feuilles d'un chêne
Je me suis fait sécher
Sur la plus haute branche
Le rossignol chantait 

Il y’a longtemps que je t’aime
Jamais je ne t’oublierai

Chante, rossignol, chante
Toi qui as le cœur gai
Tu as le cœur à rire
Moi je l’ai à pleurer

Il y’a longtemps que je t’aime
Jamais je ne t’oublierai

J’ai perdu mon ami
Sans l’avoir mérité
Pour un bouquet de roses
Que je lui refusais

Il y’a longtemps que je t’aime
Jamais je ne t’oublierai 


Je voudrais que la rose
füt encore au rosier
et que mon douce ami 
füt encore à m´aimer

Il y’a longtemps que je t’aime
Jamais je ne t’oublierai 
  

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Coração tardio

   
Meu coração tardou. Meu
coração,
Talvez, se houvesse amor, nunca tardasse;
Mas, visto que, se o houve, houve em vão,
Tanto faz que o amor houvesse ou não.
Tardou. Antes, de inútil, acabasse.

Meu coração, postiço e contrafeito,
Finge-se meu. Se o amor o houvesse tido,
Talvez, num rasgo natural de eleito,
Seu próprio ser do nada houvesse feito,
E a sua própria essência conseguido.

Mas não. Nunca nem eu nem coração
Fomos mais que um vestígio de passagem,
Entre um anseio vão e um sonho vão.
Parceiros em prestidigitação,
Caímos ambos pelo alçapão.
Foi esta a nossa vida e a nossa viagem.
                      
Fernando Pessoa