A saga de Moisés, o profeta que teria arrancado seu povo da escravidão no Egito e fundado a nação de Israel, não tem consistência histórica, haja vista as pesquisas arqueológicas mais recentes. Ele seria, então, um personagem fictício ou tão alterado pelas lendas construídas em torno de seu nome, que hoje é quase impossivel separá-las de seu conteúdo histórico original.
Mas ainda que a maioria dos pesquisadores concorde que Israel foi um produto nativo da Palestina, não está descartada a hipótese de que pelo menos uma fração desse povo tivesse um "passado egípcio", muito provavelmente ligado à história dos "hicsos" - denominação aplicada a um amálgama de povos semitas que invadiu e dominou, por mais de meio século, a região do delta do Nilo.
Se houve um "êxodo", ele decorreu de motivos inversos ao que encontramos registrado na Bíblia: em lugar de um fuga heróica, consumada à revelia das autoridades egípicias, o que aconteceu foi a expulsão dos invasores semitas, promovida pelos reis tebanos que restauraram a autoridade faraônica sobre todo o país.
O domínio hicso ajudaria a explicar a meteórica ascenção do semita José a um alto cargo na burocracia do Egito. O problema é que não há nenhuma menção a ele em documentos egípcios ou de outros reinos do Oriente Médio nessa época. Sendo - como a Bíblia diz que foi - um poderoso Grão-Vizir, certamente seu nome haveria de ser citado e registrado dentro e fora do país.
Em tendo havido um "êxodo", ele se deu antes de 1200 aC, pois nessa data sabemos que já havia uma nação israelita estabelecida na Palestina. E sabemos disso por força de uma inscrição hieroglífica, onde o faraó Merneptah se jacta de suas vitórias naquela região. Em certo trecho, diz a inscrição: "Israel está destruído, sua semente não existe mais".
Nenhum comentário:
Postar um comentário