
No ano de 1838 entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde, desde cedo revelou sua fulgurante inteligência. Com apenas 11 anos de idade já iniciava o curso de Humanidades e, aos 13 anos, conhecia tão bem o latim que ele próprio o ministrava aos seus companheiros, substituindo o professor da classe em seus impedimentos. Concluídos os estudos em sua terra natal, partiu para o Rio de Janeiro, a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava - a Medicina.
Em novembro de 1852, ingressou, como praticante interno, no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou-se em 1856, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1858, concorreu a uma vaga de lente substituto da Seção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Nesse mesmo ano, o mestre Manuel Feliciano Pereira de Carvalho, então Cirurgião-Mor do Exército, chamou-o para ser seu assistente, com o posto de Cirurgião-Tenente.
Eleito vereador municipal pelo Partido Liberal, em 1861, teve sua eleição impugnada pelo chefe conservador Haddock Lobo, sob a alegação de ser médico militar. Com o objetivo de servir o seu partido, que necessitava dele para ter maioria na Câmara, resolveu afastar-se do Exército. Em 1867, foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado numa lista tríplice para o Senado.
Mas sua carreira política foi efêmera. Alvo de rudes campanhas de injúria, por parte de seus adversários, deliberou afastar-se da vida pública e dedicar-se a empreendimentos empresariais. Criou a Companhia Estrada de Ferro Macae-Campos, na então província do Rio de Janeiro. Posteriormente, empenhou-se na construção da via férrea de Santo Antônio de Pádua, pretendendo levá-la até o Rio Doce, desejo que não conseguiu realizar. Foi um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872 abriu o Boulevard 28 de Setembro , no então bairro de Vila Isabel. Em 1875, foi presidente da Companhia Carril de São Cristóvão.
Voltando a política, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato até 1880. Foi ainda presidente da Câmara e Deputado Geral pela Província do Rio de Janeiro, no ano de 1880.aos pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía. Conciliava essas atividades com um intenso trabalho assistencial em favor dos pobres, a quem procurava levar o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da sua profissão de médico e o auxílio da sua bolsa generosa.
Quando o Dr. Carlos Travassos empreendeu a tradução de "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, ofereceu um exemplar, com dedicatória, a Bezerra de Menezes. No dia 16 de agosto de 1886, um auditório com cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade, que enchia o salão de honra da Velha Guarda, ouviu, em silêncio, a palavra vibrante do eminente político e médico, proclamando sua plena adesão ao Espiritismo. E desde então, passou a escrever artigos em defesa do aspecto religioso da doutrina kardecista.
Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico, quer pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União Espirita do Brasil incumbiu Bezerra de Menezes de escrever, aos domingos, em "O Paiz" , tradicional órgão da imprensa brasileira, dirigido por Quintino Bocaiúva, uma série de artigos sob o título "O Espiritismo - Estudos Filosóficos", assinado sob o pseudônimo de Max. Esses artigos marcaram a época de ouro da propaganda espírita no Brasil, sendo publicados, ininterruptamente, de 1886 a 1893.
Bezerra de Menezes tinha o encargo de médico como verdadeiro sacerdócio. Por isso, dizia que "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate a porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem chora a porta que procure outro, esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse é um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita"
Em 1893, a convulsão provocada no país, pela "Revolta da Armada", provocou o fechamento de todas as sociedades espíritas. No Natal do mesmo ano, Bezerra encerrava a série de artigos que vinha publicando em "O Paiz" .
Em 1894, o ambiente demonstrou tendências de melhora e o nome de Bezerra foi lembrado como o único capaz de unificar a família espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da FEB, cargo que ocupou até 11 de abril de 1900, quando faleceu, vítima de violento ataque de congestão cerebral.
Devido ao seu espírito caridoso e prestativo, Bezerra de Menezes até hoje é lembrado como O Médico dos Pobres .
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