"O Amor é forte como a Morte" (Cantar dos Cantares)
Os "Cantares" foram buscar no poder inexorável da Morte, a analogia para representar a força irresistível do Amor, diante da qual os humanos se sentem e se mostram frágeis, ainda quando o brilho dos olhos fale de Felicidade.
Fragilidade, medo ou receio é o que se sente diante de tudo quanto não se consegue controlar, aprisionar, dominar, seja o homem primitivo diante do fogo ou das feras, seja o homem moderno diante de frankensteins tecnológicos que ele próprio criou.
O medo de não ganhar ou o medo de perder está sempre presente na mochila do viajante que percorre a estrada do Amor. Antes, o medo de não agradar, de não conseguir conquistar o que o coração deseja; depois, o medo de vir a perder o que se lhe tornou tão caro.
Paradoxalmente, quanto maior é a certeza da conquista, maior é a temeridade de pô-la em risco, na forma de condutas tortuosas que poderão destruir o que tanto se deseja preservar. Quanto menor a (incômoda) sensação de fragilidade, maior esse deixar-se seduzir por jogos de azar.
O Amor pode ser uma dádiva (e certamente o é) mas é também um desafio, que demanda zelo, cuidados e disposição de luta, todos os dias, desde o raiar do sol até a derradeira hora da noite.
Luta contra inimigos externos mas, sobretudo, internos. Luta contra essa incrível capacidade entrópica do ser humano de fazer o mal a si mesmo, de destruir, em um minuto, o que levou anos para edificar.
Uma luta da qual poucos emergem vitoriosos, o que levou um escritor, de elevada sensibilidade, como Oscar Wilde, a proclamar:
"Todo homem mata aquilo que ama - ouçam todos.
Uns o fazem com um olhar de ódio,
outros com uma palavra de lisonja.
O covarde com um beijo,
o bravo com um punhal"
(Da obra "A Balada do Cárcere de Reading")
"Todo homem mata aquilo que ama - ouçam todos.
Uns o fazem com um olhar de ódio,
outros com uma palavra de lisonja.
O covarde com um beijo,
o bravo com um punhal"
(Da obra "A Balada do Cárcere de Reading")
- Alvaro Rodrigues (agosto/2008)
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