Após 10 anos de ausência, a Anistia Internacional (AI) - que celebrou, este ano, seu cinquentenário - anunciou sua disposição de reabrir seu escritório no Brasil.
Com cerca de 3 milhões de colaboradores em 150 países, essa ONG é uma das mais atuantes na defesa dos direitos humanos ao redor do mundo. E, ao contrário de outras organizações do gênero (como a Freedom House), ela trata indistintamente tanto nações democráticas, como os Estados Unidos, como as de regime autoritário, como a China. Para ela, quem viola os direitos humanos é passivel de crítica, não importa o regime do país violador, nem se trata de uma questão ideológica.
- "Direitos Humanos não são nem de esquerda nem de direita." - diz o atual secretário-geral da AI, o indiano Salil Shetty.
Tampouco é uma questão cultural.
- "Há quem diga que a ideia de direitos humanos universais não faz sentido, que não se pode querer que os mesmos valores sejam abraçados por todas as culturas, em todo lugar. Com freqüência, quem diz isso tem privilégios muito bem assegurados e não se importa com o que acontece ao seu redor. Há também quem afirme que o condicionamento cultural torna aceitável para muitos aquilo que para nós é bárbaro. Não podemos concordar com esse argumento. Para nós, a violação dos direitos humanos em qualquer lugar do mundo é um problema das pessoas em toda parte. Este é um motivo pelo qual não fazemos "rankings" de países que violam mais ou menos os direitos humanos".
Shetty esteve, este ano, no Brasil para preparar a reinstalação do escritório da AI.
- "Escolhemos este momento para voltar ao Brasil porque o país, nestes últimos anos, cresceu muito em relevância no cenário internacional e passa por um grande surto de desenvolvimento" - explicou.
E como o tema da Impunidade é muito importante para a Anistia, ele elogiou nosso país pela disposição de instalar uma Comissão da Verdade para investigar os crimes cometidos durante a Ditadura Militar, com a ressalva de que é preciso conferir o que será feito na prática, ou seja, que tipo de medidas serão tomadas.
- "Não aceitamos o perdão a crimes como tortura ou sequestro. Por isso, consideramos importante a decisão de qualquer país de investigar o passado, para que os responsáveis por crimes desse tipo não fiquem impunes."
A Anistia Internacional mantem um site em lingua portuguesa:
http://www.br.amnesty.org/