Sábio é aquele que considera não apenas escravos, propriedades e cargos elevados, mas até mesmo seu corpo, seus olhos, suas mãos, e tudo o que torna a vida cara para nós, inclusive o próprio ego, como coisas cuja posse é incerta; vive como se as tivesse tomado por empréstimo e está pronto para devolvê-las de bom grado quando quer que elas sejam reclamadas.
Não obstante, ele não se menospreza, porque sabe que não se pertence mas cumpre todos os seus deveres tão diligente e prudentemente como o homem piedoso e escrupuloso tomaria conta de uma propriedade que lhe fosse entregue em custódia.
Quando chamado a devolver essas coisas não se queixa do Destino, mas diz: "Agradeço-te pelas coisas que estiveram em meu poder, administrei sua propriedade de modo a aumentá-la muito, mas já que assim me ordenas, eu a devolvo de boa vontade e com gratidão" (...)
Quando a Natureza nos reclamar o que antes nos confiou, digamos nós a ela: "Leva de volta o meu espírito, que está melhor do que quando o destes a mim".
- Lucius Annaeus Seneca: filósofo romano estoico.
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